Guia Prático para Identificação de Minerais

Guia Prático para Identificação de Minerais

Os materiais mais abundantes no nosso planeta são as rochas e minerais. Mas pouco sabemos sobre eles e geralmente não aprendemos a identifica-los de forma prática na escola. Até mesmo nos cursos de geologia e engenharia de minas pouco se fala sobre métodos simples e de baixo custo para se identificar minerais. Este guia destina-se àquelas pessoas que são leigas no assunto e têm pouco conhecimento técnico na área e querem aprender de forma prática e direta a identificar seus materiais de origem mineral, mas também pode ajudar aqueles mais experientes.

O primeiro aspecto que destaco é que iremos abordar neste artigo apenas uma identificação básica de minerais em seu estado bruto e as gemas e as rochas ficarão de fora.

A primeira coisa então é sabermos diferenciar minerais de gemas e rochas.

MINERAIS são substâncias naturais, sólidas de composição química definida e com estrutura cristalina.

ROCHA é um agregado natural de minerais (geralmente dois ou mais). Se pensarmos numa casa, os tijolos, janelas, cimento, telhas, etc são os minerais e a casa é a rocha.

GEMA é um mineral (geralmente com bom tamanho e qualidade) que sofre um trabalho de lapidação para melhorar seu brilho, forma e polimento.

rochas gemas e minerais

Seja por curiosidade ou por necessidade, identificar um material de origem mineral funciona como a tarefa de um detetive e você deve fazer vários testes para reunir “pistas” e restringir as possibilidades.

Quando você portar uma pedrinha nas mãos, seja ela encontrada na praia, rio ou na fazenda, numa trilha ou mesmo no cascalho de uma estrada rural, a primeira coisa a avaliar é:

1) Como está a SUPERFÍCIE do material? Como todos os materiais expostos ao tempo e às intempéries como a chuva, o calor e às substâncias químicas do solo, os minerais também apodrecem. Então, a superfície ou a “casca” da sua amostra pode estar menos preservada e você pode encontrar dificuldades na identificação, portanto, use um martelo ou uma marreta para quebra-la e acessar o seu interior. Obviamente você não vai quebrar sua amostra se for um cristal bonito com a forma natural.

quebrando um mineral

2) A segunda coisa que devemos avaliar é a TRANSPARÊNCIA. Pegue sua amostra e olhe se ela se comporta como um pedaço de vidro, deixando a luz passar, ou se é mais comparável a um pedaço de ferro que é opaco. Cuidado para não se enganar, às vezes um material que parece ser opaco, é na verdade transparente. Para certificar, pegue um pequeno pedaço do material com no máximo 1 cm e coloque-o sobre a lanterna do seu celular. Se a luz passar, ao menos um pouquinho, é um material transparente, como a grande maioria dos minerais. Se o material bloquear completamente a luz, é muito provável que o seu mineral seja um sulfeto ou um óxido. Os sulfetos mais comuns são: pirita, calcopirita, bornita, pirrotita e a arsenopirita, enquanto os óxidos mais comuns são: hematita, magnetita e pirolusita. Alguns minerais como o rutilo, a esfalerita, a turmalina preta e o zircão podem parecer opacos, mas quando fazemos o teste da luz num fragmento pequeno, com no máximo 2 milímetros de espessura, conseguimos notar que a luz é capaz de atravessar.

olhando pedras preciosas (gemas) com lanterna do celular

3) O próximo passo será avaliar o MAGNETISMO. Esse teste é pouco usado mas dá um ótimo resultado se for feito de maneira correta. Pegue um ímã de neodímio ou qualquer ímã que seja forte e pequeno (do tamanho de um feijão. Pode ser um ímã retirado de um fone de ouvido velho. Coloque o ímã pendurado sob uma linha (fio dental ou linha de costura) de forma a construir um pêndulo, amarrando-o numa pequena trave de madeira ou plástico. Para fixar o ímã na linha você pode usar cola quente. Feito o pêndulo, aproxime sua amostra do ímã. Existem basicamente 4 reações possíveis. Uma atração muito forte, na qual o ímã chega a grudar na amostra, uma perturbação forte no pêndulo, mas sem que o ímã grude na amostra, uma perturbação leve e, por fim, nenhuma perturbação.

teste do magnetismo com gemas e minerais

Se a reação for a primeira, é quase certo que você tem uma magnetita, ilmenita ou pirrotita. Se a reação for uma forte perturbação, você pode ter em mãos um jaspe, rodocrosita, crisoprásio, granada ou turmalina verde. Se a reação for fraca, ou inerte, temos centenas de minerais possíveis, então, podemos partir para o próximo teste.

4) O teste da DUREZA. A primeira coisa a fazer é tentar riscar a amostra com sua unha. Se você for capaz de arranhá-la com a unha, as opções se restringem bastante. Você deve ter em mãos um dos seguintes minerais: talco, gipsita, selenita, molibdenita ou grafita. Todos esses têm dureza menor que 2 numa escala que vai de 1 a 10. O próximo instrumento a ser utilizado é uma lâmina de faca ou canivete, ou mesmo um prego. Se conseguir arranhar com facilidade seu material com o aço, você tem em mãos um mineral com a dureza menor que 5. Alguns minerais comuns com dureza entre 2 (que é a dureza da unha) e 5 (dureza do aço), são: calcita, dolomita, malaquita, magnesita, barita, fluorita e as micas.

Se o mineral não for arranhado, sua dureza é maior que 5. A maioria dos minerais apresenta dureza entre 5 e 7, então, nosso teste de dureza ainda deve prosseguir.

Um material de fácil acesso para testarmos minerais mais duros é um caco de vidro que tem dureza entre 6,5 e 7. Os minerais mais comuns que têm dureza entre 5 e 7 são os feldspatos, a apatita, sodalita, cianita, sillimanita, tremolita, hornblenda e diopsídio. Se o seu material não for arranhado pelo vidro, concluímos que ele possui dureza superior a 6,5 e então, você pode tentar utilizar uma lixa, que geralmente possui os grãos feitos de granada, que possui a dureza entre 7 e 7,5, conseguindo arranhar os minerais do grupo do quartzo (quartzo fumê, cristal, ametista, citrino, ágata, jaspe, calcedônia, olho de tigre, ônix e cornalina). Se a sua amostra não for arranhada pela lixa, os próximos materiais que você vai precisar para determinar a dureza são: topázio, de dureza 8, córindon, de dureza 9 e diamante, de dureza 10.

Uma dica muito útil é fazer uma pequena litoteca de minerais com durezas conhecidas para que você faça os testes de dureza utilizando seus próprios minerais.

Mesmo que você não tenha todos os materiais necessários para determinar precisamente a dureza da sua amostra, apenas com a unha, o canivete e o caco de vidro já dá para se ter uma boa ideia e restringir bastante as possibilidades no seu trabalho de detetive.

5) A quinta característica é o HÁBITO. Esta propriedade revela o arranjo interno dos átomos que reflete a forma externa do cristal. Quartzo, berilo e apatita geralmente se cristalizam formando prismas de base hexagonal, já a calcita, a dolomita e a magnesita cristalizam-se formando romboedros que são sólidos semelhantes caixas de sapato com as arestas inclinadas. A fluorita e a pirita cristalizam-se em hábito cúbico e a cianita, sillimanita e a tremolita tendem a cristalizar-se em hábito tabular, lembrando estacas de madeira. As micas como a muscovita, biotita, clorita, lepidolita e flogopita, cristalizam-se em placas.

Entretanto, o mais comum é que esta propriedade não esteja tão evidente nos minerais, que podem ter crescido em um ambiente sem espaço o suficiente para que o hábito típico fosse preservado. É comum também que o atrito de um rio tenha erodido as quinas e mascarado o hábito. 

hábito forma dos minerais berilo, calcita optica cianita fluorita muscovita

6) O próximo teste é o da DENSIDADE. Os minerais têm pesos específicos muito bem determinados. Esse teste pode ajudar quando temos por exemplo, três pedras roladas distintas, sendo ambas de cor preta. Podemos pensar num ônix, numa obsidiana e na turmalina preta. Ambos deixam a luz passar, têm durezas e magnetismos próximos e o fato de estarem roladas, impede que o hábito seja identificado. A forma mais fácil de diferenciá-las, neste caso, é pela densidade. A turmalina tem densidade em torno de 3,1 g/cm3, o ônix 2,7 g/cm3 e a obsidiana 2,4 g/cm3. Para esse teste você vai precisar de uma balança de precisão (que pode ser comprada por menos de R$ 60), um copo descartável e um pedaço de linha. Para determinar a densidade siga os passos a seguir:

  • Pese a pedra e anote o peso em gramas;
  • Encha o copo descartável de água e coloque-o sobre a balança e em seguida aperte a tecla TARE para zerar a balança.
  • Amarre o mineral com a linha e desça-o no copo d`água com o cuidado de imergi-lo totalmente, não o deixando encostar nem no fundo nem nas paredes do copo.
  • Anote o peso marcado na balança. Você estará pesando a quantidade de água que se deslocou e que representa o volume da pedra. A demonstração matemática desse procedimento é um tanto complicada e demandaria um potro artigo inteiro, mas pode crer que dá certo. Arquimedes já obteve sucesso com esse teste há milênios.
  • Como a densidade é a razão da massa pelo volume, basta dividir o valor pesado inicialmente com a pedra seca e dividir pelo peso da pedra imersa. Pronto! O número que aparecer na calculadora é a densidade do seu material. Você pode consultar na internet a densidade (ou peso específico do mineral que quiser e comparar com seu resultado).

balança para tirar densidade balança de arquimedes

Este teste funciona surpreendentemente bem, mas para obter bons resultados você deve tomar 3 cuidados: 1) sua amostra não pode ser tão pequena. Geralmente bons resultados são obtidos com amostras com 5 gramas ou mais, porque para massas pequenas, o erro da balança pode ser muito significativo e a conta pode dar errado; 2) materiais porosos estão cheios de ar por dentro, portanto parte do volume da água deslocada não corresponde ao seu mineral e o teste não vai funcionar; 3) balanças com precisão muito boa, geralmente utilizadas para pesar diamantes ou recarregar munições, não servem para o teste, pois geralmente pesam no máximo 50 gramas. Então o ideal, é que sua balança pese pelo menos 200 gramas porque deve pesar o copo com água.

Aqui foram abordados apenas algumas características e testes que podem te ajudar a identificar minerais, mas lembro que existem também propriedades muito úteis como brilho, clivagem, fratura, cor do traço, reflectância, condutividade térmica, índice de refração, pleocroísmo, fluorescência, entre outros.

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1 comentário

olá eu gostei do que eu li eu tenho costume de caça pedras que me chama a atenção não ou especialista da aria , por isso estou pedindo ajuda para classifica algumas que eu tenho você poderia me ajudar

Dalila Honorato honorato cabelo

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